A sedução assenta em dois princípios psicológicos muito simples.
Primeiro, na consideração pelo outro, na forma de ouvir e comunicar na linguagem do outro. Por linguagem entenda-se também a não verbal.
Em segundo lugar, no alimentar das expectativas e fantasias do interlocutor em relação ao mundo em que este se insere e em relação ao sedutor.
A chave da sedução está no mistério que o sedutor cria à sua volta, na incerteza e interesse que gera no outro, nas meias palavras e nos meios silêncios. Ou seja, numa ambiguidade que permita ao interlocutor imaginar um sedutor em possíveis papéis, que possa desempenhar, construidos pelo interlocutor quando se projecta em futuros mais apetecíveis.
O sedutor não nega nem afirma a opinião do outro. Incentiva o interlocutor a usufruir dum período em que é escutado sem oposição e com "evidente" interesse. O bom sedutor sintetiza o pensamento do outro numa frase memorável. É um criativo publicitário. Deixa o outro fascinado a pensar que foi o autor da frase, que a sua sabedoria vale mais do que o próprio já suspeitava. O sedutor oferece ao interlocutor os "direitos de autor". Torna-se mais que apreciado, torna-se desejado. O sedutor procura dar ao outro o centro do palco. Pontua o discurso dos outros com interjeições bem humoradas, por vezes, paradoxais. O paradoxo é uma arte do sedutor.
Um grande sedutor consegue deixar alguém insultado durante horas até que o outro compreenda o insulto. Mas este desprendimento e distracção são artifícios para a sedução. Um sedutor é um narciso incorrigível. Tem normalmente uma orientação bastante instrumental das suas relações. Ou seja, é um manipulador por excelência. O sedutor consegue dar ao outro a sensação de ganho, sobretudo quando desperta instintos maternais ou paternais. Consegue o verdadeiro ganho sem nunca dar a entender o que pretendia realmente. Nunca é demasiado óbvio.
O sedutor também pode ser equivocado como sendo a serenidade em pessoa. Em lugar de um calmo interlocutor, o sedutor é uma máquina de cálculos de utilidade marginal...Contudo, não é estritamente motivado pelo dinheiro ou por bens materiais. O sedutor é um fascinado pelo poder e pelo reconhecimento, que aceita com sobriedade e timidez, mesmo com embaraço.
Mas nem tudo é negativo no sedutor. É, regra geral, determinado e transpira autoconfiança e auto-estima. Acredita que é autor do seu destino, possuindo aquilo que os psicólogos denominam por "locus" interno de controlo.
Um sedutor em escala denomina-se normalmente de líder, cujo carisma é baseado na capacidade de nos entusiasmar com futuros ao nosso alcance. Futuros claros e desafiantes, difíceis, mobilizadores, a troco de orgulho e satisfação mais imaterial. E faz sonhar...é um verdadeiro comerciante de sonhos.
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